quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mediunidade Consciente, semi, inconsciente

TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO: "O ABC DO SERVIDOR UMBANDISTA" - AUTORIA:PAI JURUÁ - NO PRELO.Incorporação Mediúnica:É a forma de mediunidade que se caracteriza pela transmissão faladadas mensagens dos Espíritos. É, em nossos dias, a faculdade maisencontrada na prática mediúnica umbandista. Pode-se dizer que é umadas mais úteis, pois, além de oferecer a oportunidade de diálogo comos Espíritos comunicantes, ainda permite a doutrinação e consolaçãodos Espíritos pouco esclarecidos sobre as verdades espirituais.O papel do médium seja ele consciente ou não, é sempre passivo, vistoque servindo de intérprete neste intercâmbio, deve compreender opensamento do Espírito comunicante e transmiti-lo sem alteração, o queé mais difícil quanto menos treinado estiver.A incorporação é também denominada psicofonia, sendo esta denominaçãopreferida por alguns porque acham que incorporação poderia dar a idéiado Espírito comunicante penetrando o corpo do médium, fato que sabemosnão ocorrer.Martins Peralva, na sua obra "Estudando a Mediunidade”, que por suavez, baseou-se na obra "Nos Domínios da Mediunidade", ditada peloEspírito André Luiz ao médium Francisco Cândido Xavier, esclarece que:"É através dela (a incorporação), que os desencarnados narram, quandodesejam (ou quando lhes é facultado), os seus aflitivos problemas,recebendo dos doutrinadores, em nome da fraternidade cristã, a palavrado esclarecimento e da consolação.""Referindo-se aos benefícios recebidos pelo Espíritos nas sessõesmediúnicas, é oportuno lembrarmos o que afirmam mentores balizados(balizar - v. tr. dir. Indicar por meio de balizas; abalizar;distinguir; determinar a grandeza de.).Léon Denis, por exemplo, acentua que, no Espaço, sem a benção daincorporação, os seus fluidos, ainda grosseiros, "não lhe permitementrar em relação com Espíritos mais adiantados".O Assistente Aulus, focalizando o assunto, esclarece que eles "trazemainda a mente em teor vibratório idêntico ao da existência na carne,respirando na mesma faixa de impressões".Emmanuel, com a palavra sempre acatada salienta a necessidade doserviço de esclarecimento aos desencarnados, uma vez que se conservam,"por algum tempo, incapazes de apreender as vibrações do planoespiritual superior".No Livro "Desafios da Mediunidade", o Espírito Camilo (mentor domédium e conferencista José Raul Teixeira), examina o termo"incorporação" – Questão n.º 28, trazendo um enfoque muito importante:"É correto falar-se em "incorporação"?"Resposta: "Não se trata bem da questão de certo ou errado. Trata-se deuma utilização tradicional, uma vez que nenhum estudioso doEspiritismo, hoje em dia, irá supor que um desencarnado possa"penetrar" o corpo de um médium, como se poderia admitir num passadonão muito distante.O fato de continuar-se a usar o termo incorporação, nos meiosumbandistas, também se deve a sua abrangência. Comumente (adj.Vulgarmente; geralmente. (De comum.)), é proposto o termo psicofonia;contudo, para muitos, a expressão estaria indicando somente fenômenosda fala, como na psicografia temos o fenômeno da escrita, tão somente.Ocorre que podemos encontrar médiuns psicógrafos cujo psiquismo osdesencarnados comandam plenamente. Aqui, então, tecnicamente, o termopsicofonia, não se aplicaria, enquanto ficaria suficientementecompreensível o termo incorporação.Evocamos, então, o pensamento kardequiano, expresso em O Livro dosEspíritos, dando elasticidade ao termo "alma", a fim de fazer o mesmono tocante ao termo incorporação. Como ele aparece com muitafreqüência ao longo dos estudos espíritas: "cumpre fixarmos bem osentido que lhe atribuímos, a fim de evitarmos qualquer engano." (OLivro dos Espíritos, Introdução - II, final.)Os médiuns de incorporação são classificados em conscientes, semi-conscientes e inconscientes.Médiuns Conscientes:Corresponde a 90% dos médiuns de incorporação.Pode-se dizer que um médium consciente é aquele que durante otranscurso do fenômeno tem consciência plena do que está ocorrendo. OEspírito comunicante entra em contato com as irradiações do corpoastral do médium, e, emitindo também suas irradiações advindas do seucorpo astral, forma a atmosfera fluídica capaz de permitir atransmissão de seu pensamento ao médium, que, ao captá-lo, transmitirácom as suas possibilidades, em termos de capacidade intelectual,vocabulário, gestos, etc.O médium age como se fosse um intérprete da idéia sugerida peloEspírito, exprimindo-a conforme sua capacidade própria deentendimento.Na fase de incorporação consciente, se o Guia Espiritual conseguirpassar para o médium 10% do que ele deseja, se dará por satisfeito; omédium contribui com 90% do seu animismo. Esta forma de mediunidadeserá tanto mais proveitosa quanto maior for à cultura do médium e suasqualidades morais, a influência de espíritos bons e sábios, afacilidade e a fidelidade na filtração das idéias transmitidas. Seudesenvolvimento exige estudo constante, bom senso e análise contínuapor parte do médium.No Cap. XIX do "Livro dos Médiuns", especificamente o item 225descreve a dissertação dada espontaneamente por um Espírito superior,sobre a questão do papel do médium, como segue:"Qualquer que seja a natureza dos médiuns escreventes, quer mecânicosou semimecânicos, quer simplesmente intuitivos, não variamessencialmente os nossos processos de comunicação com eles. De fato,nós nos comunicamos com os Espíritos encarnados dos médiuns, da mesmaforma que com os Espíritos propriamente ditos, tão só pela irradiaçãodo nosso pensamento"."Os nossos pensamentos não precisam da vestidura (s. f. Tudo o que sepode vestir; vestimenta; traje; fato. (Do lat. vestitura.) da palavra,para serem compreendidos pelos Espíritos e todos os Espíritos percebemos pensamentos que lhes desejamos transmitir, sendo suficiente quelhes dirijamos esses pensamentos e isto em razão de suas faculdadesintelectuais.""Quer dizer que tal pensamento tais ou quais Espíritos o podemcompreender, em virtude do adiantamento deles, ao passo que, para taisoutros, por não despertarem nenhuma lembrança, nenhum conhecimento quelhes dormitem no fundo do coração, ou do cérebro, esses mesmospensamentos não lhes são perceptíveis. Neste caso, o Espíritoencarnado, que nos serve de médium, é mais apto a exprimir o nossopensamento a outros encarnados, se bem não o compreenda, do que umEspírito desencarnado, mas pouco adiantado, se fôssemos forçado aservir-nos dele, porquanto o ser terreno põe seu corpo, comoinstrumento, à nossa disposição, o que o Espírito errante não podefazer.""Assim, quando encontramos em um médium o cérebro povoado deconhecimentos adquiridos na sua vida atual e o seu Espírito rico deconhecimentos latentes, obtidos em vidas anteriores, de natureza a nosfacilitarem as comunicações, dele de preferência nos servimos, porquecom ele o fenômeno da comunicação se nos toma muito mais fácil do quecom um médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentosanteriormente adquiridos. Vamos fazer-nos compreensíveis por meio dealgumas explicações claras e precisas.""Com um médium, cuja inteligência atual, ou anterior, se achedesenvolvida, o nosso pensamento se comunica instantaneamente deEspírito a Espírito, por uma faculdade peculiar à essência mesma doEspírito. Nesse caso, encontramos no cérebro do médium os elementospróprios a dar ao nosso pensamento a vestidura da palavra que lhecorresponda e isto quer o médium seja intuitivo, quer semimecânico, ouinteiramente mecânico”.Essa a razão por que, seja qual for à diversidade dos Espíritos que secomunicam com um médium, os ditados que este obtém, embora procedendode Espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunhoque lhe é pessoal.Com efeito, se bem o pensamento lhe seja de todo estranho, se bem oassunto esteja fora do âmbito em que ele habitualmente se move, se bemo que nós queremos dizer não provenha dele, nem por isso deixa omédium de exercer influência, no tocante à forma, pelas qualidades epropriedades inerentes à sua individualidade. É exatamente como quandoobservais panoramas diversos, com lentes matizadas (matizar - v. tr.dir. Variar, graduar (cores); dar cores vivas a; ornar; enfeitar; pr.ostentar cores variadas.), verdes, brancas, ou azuis; embora ospanoramas, ou objetos observados, sejam inteiramente opostos eindependentes, em absoluto, uns dos outros, não deixam por isso deafetar uma tonalidade que provém das cores das lentes.""Ou, melhor: comparemos os médiuns a esses bocais cheios de líquidoscoloridos e transparentes, que se vêem nos mostruários doslaboratórios farmacêuticos. Pois bem, nós somos como luzes queclareiam certos panoramas morais, filosóficos e internos, através dosmédiuns, azuis, verdes, ou vermelhos, de tal sorte que os nossos raiosluminosos, obrigados a passar através de vidros mais ou menos bemfacetados (facetar - v. tr. dir. Fazer facetas em; lapidar; (fig.)aprimorar.), mais ou menos transparentes, isto é, de médiuns mais oumenos inteligentes, só chegam aos objetos que desejamos iluminar,tomando a coloração, ou, melhor, a forma de dizer própria e particulardesses médiuns. Enfim, para terminar com uma última comparação: nós osEspíritos somos quais compositores de música, que hão composto, ouquerem improvisar uma ária e que só têm à mão ou um piano, um violino,uma flauta, um fagote ou uma gaita de dez centavos. É incontestávelque, com o piano, o violino, ou a flauta, executaremos a nossacomposição de modo muito compreensível para os ouvintes. Se bem sejammuito diferentes uns dos outros os sons produzidos pelo piano, pelofagote ou pela clarineta, nem por isso ela deixará de ser idêntica emqualquer desses instrumentos, abstração feita dos matizes do som. Mas,se só tivermos à nossa disposição uma gaita de dez centavos, ai estápara nós a dificuldade.""Efetivamente, quando somos obrigados a servir-nos de médiuns poucoadiantados, muito mais longo e penoso se torna o nosso trabalho,porque nos vemos forçados a lançar mão de formas incompletas, o que épara nós uma complicação, pois somos constrangidos a decompor osnossos pensamentos e a ditar palavra por palavra, letra por letra,constituindo-se isso numa fadiga e num aborrecimento, assim como umentrave real à presteza e ao desenvolvimento das nossasmanifestações.""...” Quando queremos transmitir ditados espontâneos, atuamos sobre océrebro, sobre os arquivos do médium e preparamos os nossos materiaiscom os elementos que ele nos fornece e isto à sua revelia (loc. adv.):sem comparecimento ou conhecimento da parte revel. (De revel.). E comose lhe tomássemos à bolsa as somas que ele aí possa ter e puséssemosas moedas que as formam na ordem que mais conveniente nos parecesse."“... Sem dúvida, podemos falar de matemáticas, servindo-nos de ummédium a quem estas sejam absolutamente estranhas; porém, quasesempre, o Espírito desse médium possui, em estado latente,conhecimento do assunto, isto é, conhecimento peculiar ao ser fluídicoe não ao ser encarnado, por ser o seu corpo atual um instrumentorebelde, ou contrário, a esse conhecimento. O mesmo se dá com aastronomia, com a poesia, com a medicina, com as diversas línguas,assim como com todos os outros conhecimentos peculiares à espéciehumana.""Finalmente, ainda temos como meio penoso de elaboração, para serusado com médiuns completamente estranhos ao assunto de que se trate oda reunião das letras e das palavras, uma a uma, como em tipografia.""Conforme acima dissemos, os Espíritos não precisam vestir seuspensamentos; eles os percebem e transmitem, reciprocamente, pelo sófato de os pensamentos existirem neles. Os seres corpóreos, aocontrário, só podem perceber os pensamentos, quando revestidos.Enquanto que a letra, a palavra, o substantivo, o verbo, a frase, emsuma, vos são necessários para perceberdes, mesmo mentalmente, asidéias, nenhuma forma visível ou tangível é necessária a nós." Erastoe Timóteo.Complementa Kardec:"NOTA. Esta análise do papel dos médiuns e dos processos pelos quaisos Espíritos se comunicam é tão clara quanto lógica. Dela decorre,como princípio, que o Espírito haure, não as suas idéias, porém, osmateriais de que necessita para exprimi-las, no cérebro do médium eque, quanto mais rico em materiais for esse cérebro, tanto mais fácilserá a comunicação.Quando o Espírito se exprime num idioma familiar ao médium, encontraneste, inteiramente formadas, as palavras necessárias ao revestimentoda idéia; se o faz numa língua estranha ao médium, não encontra nesteas palavras, mas apenas as letras. Por isso é que o Espírito se vêobrigado a ditar, por assim dizer, letra a letra, tal qual como quemquisesse fazer que escrevesse alemão uma pessoa que desse idioma nãoconhecesse uma só palavra. Se o médium é analfabeto, nem mesmo asletras fornece ao Espírito. Preciso se torna a este conduzir-lhe amão, como se faz a uma criança que começa a aprender. Ainda maiordificuldade a vencer encontra aí, o Espírito. Estes fenômenos, pois,são possíveis e há deles numerosos exemplos; compreende-se, noentanto, que semelhante maneira de proceder pouco apropriada se mostrapara comunicações extensas e rápidas e que os Espíritos hão depreferir os instrumentos de manejo mais fácil, ou, como eles dizem, osmédiuns bem aparelhados do ponto de vista deles.Se os que reclamam esses fenômenos, como meio de se convencerem,estudassem previamente a teoria, haviam de saber em que condiçõesexcepcionais eles se produzem.Médiuns Semi Conscientes:Corresponde a 8% dos médiuns de incorporação.É a forma de mediunidade psicofônica em que o médium sofre uma semi-exteriorização do corpo astral, permitindo que esse fenômeno ocorra.O médium sofre uma semi-exteriorizacão do corpo astral em presença doEspírito comunicante, com o qual possui a devida afinidade; ou quandohouve o ajustamento vibratório para que a comunicação se realizasse.Há irradiação e assimilação de fluidos emitidos pelo Espírito e pelomédium; formando a chamada atmosfera fluídica; e então ocorre atransmissão da mensagem do Espírito para o médium.O médium vai tendo consciência do que o Espírito transmite à medidaque os pensamentos daquele vão passando pelo seu cérebro, todavia omédium deverá identificar o padrão vibratório e a intencionalidade oEspírito comunicante, tolhendo-lhe qualquer possibilidade deprocedimentos que firam as normas da boa disciplina mediúnica.Ainda na forma semi-consciente, embora em menor grau que naconsciente, poderá haver interferência do médium na comunicação, comorepetição de frases e gestos que lhe são próprios, motivo porquenecessita aprimorar sempre a faculdade, observando bem as suas reaçõesno fenômeno, para prevenir que tais fatos sejam tomados como"mistificação". Essa é a forma mais disseminada (disseminar - v. tr.dir. Semear, espalhar por muitas partes; derramar; difundir, propagar.(Do lat. disseminare.) de mediunidade de incorporação.Geralmente, o médium, precedendo (preceder - v. tr. dir. anteceder;estar colocado imediatamente antes de; chegar antes de. (Do lat.praecedere.) a comunicação, sente uma frase a lhe repetirinsistentemente no cérebro; e, somente após emitir essa primeira fraseé que as outras surgirão. Terminada a transmissão da mensagem, muitasvezes o médium só lembra, vagamente, do que foi tratado.Médiuns Inconscientes:Corresponde a 2% dos médiuns de incorporação.Esta forma de mediunidade de incorporação caracteriza-se pelainconsciência do médium quanto à mensagem que por seu intermédio étransmitida. Isto se verifica por se dar uma exteriorização total docorpo astral do médium.O fenômeno se dá como nas formas anteriores, somente que numa gradaçãomais intensa. Exteriorização do corpo astral, afinização com aentidade que se comunicará, emissão e assimilação de fluidos, formaçãoda atmosfera necessária para que a mensagem se canalize por intermédiodos órgãos do médium, são indispensáveis.Embora inconsciente da mensagem, o médium é consciente do fenômeno queestá se verificando, permanecendo, muitas vezes, junto da entidadecomunicante, auxiliando-a na difícil empreitada, ou, quando tem plenaconfiança no Espírito que se comunica, poderá afastar-se em outrasatividades.O médium, mesmo na incorporação inconsciente, é o responsável pela boaordem do desempenho mediúnico, porque somente com a sua aquiescência(s. f. Ato de aquiescer; anuência; assentimento, consentimento), oucom sua conivência (s. f. Qualidade de conivente; cumplicidadedissimulada; colaboração. (Do lat. conniventia.), poderá o Espíritorealizar algo.Os Espíritos esclarecem que quando um Espírito se acha desprendido doseu corpo, quer pelo sono físico, quer pelo transe espontâneo ouprovocado, e algo estiver iminente a lhe causar dano ao corpo, eleimediatamente despertará. Assim também acontecerá com o médium cujafaculdade se acha bem adestrada (adestrar - v. tr. dir. Tornar destro;ensinar; exercitar; treinar; pr. tornar-se destro.), mesmo estando emcondições de passividade total; se o Espírito comunicante quiser lhecausar algum dano ou realizar algo que venha contra seus princípios,ele imediatamente tomará o controle do seu organismo, despertando.Geralmente, o médium, ao recobrar sua consciência, nada ou bem poucorecordará do ocorrido ou da mensagem transmitida. Fica uma sensaçãovaga, comparável ao despertar de um sonho pouco nítido em que fica umavaga impressão, mas que a pessoa não saberá afirmar com certeza do quese tratou.Nos casos em que é deficiente ou viciosa a educação mediúnica, não háa facilidade do intercâmbio, faltando liberdade e segurança; o médiumreage à exteriorização perispirítica, dificultando o desligamento equase sempre intervém na comunicação, truncando-a (truncar - v. tr.dir. Separar do tronco; mutilar; omitir parte importante de. (Do lat.truncare.).Algumas vezes se tornam necessários, para o prosseguimento da educaçãomediúnica, nos chamados exercícios de incorporação, que os Mentoresencarregados de tal desenvolvimento auxiliem o médium para que aexteriorização se dê. Para evitar o perigo da obsessão, eles cuidarãode exercitar o médium com os Espíritos comunicantes que não lheofereça perigo. Todavia, ainda nesse caso, a responsabilidade pelodesenvolvimento mediúnico está entregue ao médium, pois, se algo lheacontecer, ele poderá despertar automaticamente. O mesmo não aconteceno fenômeno obsessivo.A mediunidade de psicofonia inconsciente é uma das mais raras nogênero. Para que o médium se entregue plenamente confiante ao fenômenodessa ordem, é necessário que ele tenha confiança na sua faculdade,nos Espíritos que o assistem e, principalmente, no ambiente espiritualda reunião que freqüenta.O Espírito Camilo no já citado livro "Desafios da Mediunidade",analisa alguns aspectos importantes relacionados com o tema:Questão 15: "É possível para o médium inconsciente, após o transe,lembrar-se das sensações que teve durante a comunicação mediúnica?"Resposta: "Tendo-se em conta que o médium, em estado de transeinconsciente, não se acha desligado do seu corpo físico, mas somentedesprendido, podem remanescer em seus registros cerebrais certasimpressões, ou sensações, obtidas durante o transe, podendo mencioná-las quando retorne a sua normalidade.Durante o transe inconsciente, é comum acontecer que o médium fiquenum estado de sono profundo, mas que lhe permite captar sons,presenças variadas, luminosidade, ainda que não distinga esses sons,não identifique essas presenças ou não perceba donde vem a claridade.Essas sensações difusas podem fixar na memória atual e ser lembradasapós o transe. Contudo, isso varia de um para outro medianeiro, nãohavendo uniformidade nessa questão."Questão 14: "O fato de a mediunidade manifestar-se consciente ouinconscientemente guarda relação com o adiantamento moral do médium?”.Resposta: "De modo nenhum. A manifestação mediúnica, de aspectoconsciente ou inconsciente, nada tem a ver com o grau evolutivo domédium, mas está relacionada com aspectos fisiológicos ou psico-fisiológicos desse mesmo sensitivo.Vale considerar que a consciência ou não durante o transe pode sofrerintermitências, isto é, períodos de consciência alternando comperíodos de inconsciência, mormente (adv. Principalmente.) quandoesses estados são determinados por situações psicológicas ou psico-fisiológicas.Pode ocorrer que, de acordo com os tipos de Espíritos comunicantes oucom o interesse dos Guias dos médiuns, apenas certas manifestaçõessejam conscientes e outras não.Depreendemos (depreender - v. tr. dir. e tr. dir. e ind. Perceber, virao conhecimento de; inferir, deduzir. (Do lat. deprehendere.) daí quepode haver flutuações na questão da consciência ou não do médiumdurante as manifestações. Só não ocorrerão alternâncias no caso em queessas características sejam determinadas pela estrutura fisiológica dosensitivo que, então, não pode ser alterada. Assim, ele serádefinitivamente consciente ou definitivamente inconsciente.Por fim, é forçoso admitir que a chamada inconsciência mediúnica nãotraz nenhuma superioridade para o fenômeno, não sendo garantia dequalidade. O que dá ao fenômeno superioridade e garantia, num ounoutro estado consciencial, é a qualidade moral do médium, seusprogressos como um todo, que fazem-no respeitado ante o Invisível, emvirtude da responsabilidade, da seriedade com que encara seuscompromissos."Questão 16: "Qual a diferença entre médiuns sonambúlicos eInconscientes?"Resposta: "Muito embora no seio do Movimento Espírita haja o costumede chamar-se de sonambulismo àquele que sofre um transe inconsciente,pelo fato de o médium "dormir" durante o processamento do fenômeno, énecessário lembrar que o Codificador estabelece que médium sonambúlicoou sonâmbulo é o indivíduo que, em seu estado de sonambulismo comum,contata os desencarnados e transmite as mensagens que receba, podendovê-los e com eles confabular.O estado de emancipação do sonâmbulo é o que facilita a comunicação (OLivro dos Médiuns, cap. XIV, item 172).No caso do médium inconsciente (Livro dos Médiuns, capítulo XVI, item188), também chamado por Kardec de médium natural, encontramos aquelesem que o fenômeno mediúnico apresenta um caráter de espontaneidade,sem que a sua vontade consciente interfira, ou seja, nem sempre omédium está desejando ou esperando que o fenômeno aconteça.Aqui podemos ver a importância da boa formação intelecto-moral domédium, pois esta é capaz de criar uma aura de proteção para ele, afim de que não se torne joguete de desencarnados irresponsáveis, oumesmo cruéis, que desejarão aproveitar-se da sua espontaneidade.Vemos assim que, enquanto o médium inconsciente é controlado pelosdesencarnados que atuam por meio dele nos variados fenômenos, quer osda psicografia, da psicofonia, da ectoplasmia e outros, o médiumsonambúlico encontra-se com os desencarnados; ao desprender-se docorpo, com eles dialoga e nesse estado de emancipação relata o que vêe o que ouve. Entretanto, também o sonambúlico, ao despertar, podeguardar profunda ou parcial inconsciência do que com ele hajatranscorrido no Invisível."

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